segunda-feira, 9 de junho de 2014

Para entender Fluminense x Itália

Na fila do banheiro num postinho de gasolina na estrada que liga Volta Redonda à Rodovia Presidente Dutra, dois homens conversam. “O placar nesse jogo foi o que menos importou. Quantas vezes na vida eu vou poder assistir com meu filho a um Fluminense e Itália? Quantas?”.

Nunca achei que o Fluminense fosse ganhar. Esse jogo, desculpem os puristas, foi sob medida para o time visitante vencer. E por isso mesmo subi a serra com meu pai e um grupo de tricolores. Éramos 15, variando de um ano e meio a 75 anos. Três gerações vestindo as mesmas cores.


As placas no entorno do Estádio da Cidadania, num italiano gentil, davam as boas vindas a torcedores e atletas da Azzurra e mostravam o quanto a cidade estava feliz e orgulhosa de, a seu modo, fazer parte da Copa. Lá dentro, 17 mil pessoas – famílias unidas – entoavam juntas a tarantella acrescida de um sonoro “Nense” ao final. Uma festa linda.

Bola rolando.

 “Ôoooo... Diguinho é melhor que o Pirlooooo!”, cantava a bem humorada torcida a cada vez que o camisa 8 do Flu tocava na bola. Na tal fila do banheiro, um garoto comparava ao fim da partida: “O Pirlo joga bola que nem no (videogame) FIFA, saca? Parace que o jogo não é nem com ele. Joga muito!”.

Se há um clube capaz de receber um convidado com tamanha fidalguia, esse é o Fluminense. E me poupem, por favor, as piadinhas quanto ao placar “elástico”. O “funiculi, funiculá” seguia ecoando, vez ou outra, na acanhada arquibancada como que a embalar os lances do jogo. Quando Pirlo e Balotelli, enfim, entraram em campo, os tricolores aplaudiram com vontade. Vibraram, claro, com seus três gols marcados sobre a seleção tetracampeã do mundo; queriam que o “gordinho” tivesse deixado o dele tb, assim como Conca. Mas pouco se importaram com os cinco gols sofridos num jogo de comadre (com marcação frouxa e, por conseqüência, quase sem faltas). Isso nada tem a ver com se apequenar, pelo contrário. O que valia ali era a festa. O fair play. Daí tantos aplausos ao final.

Eu, meu pai e os outros milhares de tricolores estávamos ali para ver a Azurra. Para dar risada. Para curtir o clima de Copa. Sim, amigos, #vaitercopa. E esse jogo já foi um dos “legados”.

E um aviso vindo da arquibancada para os italianos que deixavam o campo: "O Fred vai te pegaaaaar!".

quinta-feira, 17 de abril de 2014

A cerveja dos chefs


Fui ao Entretapas na última segunda com duas amigas. Entre uma sangria e outra, notamos um movimento atípico numa grande mesa no salão. Eram chefs dos mais renomados do Rio sendo recebidos por Jean Santos. Kátia Barbosa, Thomas Troisgros, Kiko Faria... Logo Antônio me explicou que se tratava de um encontro habitual do grupo e que, dessa vez, culminara com uma cerveja exclusiva elaborada a muitas mãos com a St Gallen. Cada um acrescentou um tipo de lúpulo, 14 no total.

Gentilmente, todas as mesas receberam uma garrafa de cortesia para experimentar. Amarguinha, deliciosa.

Sabe aquela sensação de estar no lugar certo na hora certa?

Obrigada!!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

De caiaque e trekking pela Reserva da Juatinga


Costumo dizer que sou quase caiçara. Frequento Paraty Mirim desde os três meses de idade. Do pier de casa fui ganhando o mar e as montanhas daquela região tão linda e, graças a Deus (e à distância das babilônicas Rio e SP), ainda tão preservada.

Em janeiro último fiz minha viagem mais "ousada". Ao lado de quatro amigos e do companheiro de sempre, Pedro, exploramos o Saco do Mamanguá e a Reserva da Juatinga em cinco dias de caiaque e trekking.

O texto - ilustrado pelas magníficas fotos do aquerido Alexandre Cappi - foi parar nas páginas da Revista Horizonte Geográfico. Para ler, clique aqui ou vá na banca mais próxima. Sim, ainda sou old school e acredito em papel.

Mas, como toda jornalista apegada às palavras que escreve, compratilho abaixo a reportagem na íntegra, em versão "original".

(não deixa de clicar no link para ver as imagens do Alê. imperdível!)

Cinco dias entre trilha e mar
Ao sul de Paraty, berço do navegador Amyr Klink, fica um parque de diversões a céu aberto: a Reserva da Juatinga

Manoela Penna

“Um dia é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir”, escreveu o navegador Amyr Klink em seu livro “Cem dias entre céu e mar”.  Conheci Amyr ainda garotinha, nas visitas que fazia à nossa casa em Paraty Mirim. Naquela época, meu horizonte não passava dos menos de 2km que separam o píer da ilhota da Cotia, ali do outro lado da baía. Cresci e, com o tempo, fui ganhando coragem e aguçando a curiosidade. Quando, enfim, decidi botar o caiaque n’água para a Expedição Cajaíba, em janeiro de 2014, lembrei novamente dos ensinamentos daquele Velho Lobo do Mar, dessa vez ouvido de sua boca quando trabalhamos juntos em 2002. “Não sou aventureiro. Para fazer as viagens que faço, na verdade, é preciso muito planejamento”.

Nem de longe tenho a pretensão de querer comparar cinco dias dando a volta na Reserva da Juatinga a pé e de caiaque com as incríveis viagens de Amyr pelos oceanos mais exigentes do planeta. Mas graças a um sonho e altas doses de logística, os cerca de 100km que percorremos se não valem um livro, ao menos rendem uma boa história.

Juntar um grupo de amigos com as mesmas aptidões técnicas, preparo físico, astral e disponibilidade de tempo é, sempre, o primeiro desafio. No dia 5 de janeiro lá estávamos varando a noite em Paraty Mirim eu, Capitão, Cappi, Pig, Zezinho e Marcolino às voltas com equipamentos, comidas e caiaques. Já tínhamos trocado ideia com o experiente Jorge Elage, nosso amigo e guia da região, e decidimos evitar contratempos encerrando o trecho de caiaque no Pouso da Cajaíba ao invés de tentar cruzar a temida Ponta da Juatinga, ponto mais a leste da costa brasileira e conhecida como “Cabo Horn brasileiro”. A partir dali seguiríamos a pé até reencontrar os barcos no fundo do Mamanguá, na comunidade do Corupira, para voltar para casa remando.

Zarpamos cedo em três caiaques duplos oceânicos. O mar estava calmo com o sol forte fazendo brilhar o verde da Mata Atlântica e destacando o balé das tartarugas na água cor de esmeralda. Fomos parando em cada praia da costeira, já que levávamos quase nada de equipamento. Deixamos as mochilas para serem entregues no Pouso da Cajaíba, quando mandaríamos os caiaques a reboque para Paraty Mirim, além de termos decidido incentivar a economia nas comunidades caiçaras ficando em casas de pescadores e fazendo o que chamamos, ao final, de “degustação de PF”. Ou seja, não levamos barraca nem comida desidratada, apenas dinheiro vivo.

No vaivém de lanchas e canoas do Saco do Mamanguá, fomos rasgando a água até o manguezal 8km adentro. Quase virgem, o colorido dos caranguejos vermelho-amarelo contrastava com a vegetação salpicada por bromélias de todos os tipos. Quase 2km rio acima deixamos os barcos e seguimos por uma trilha leve de 15 minutos até a cachoeira de água fresca.

Já mortos de fome chegamos na Praia do Cruzeiro, aos pés do Pico do Pão de Açúcar, onde vivem cerca de 20 famílias, quase todas descendentes de escravos. Filho de uma antiga parteira do Saco do Mamanguá e artesão de mão cheia, Seu Preá nos acolheu em seu quintal à beira mar entre remos e barcos de madeira caixeta. Depois do jantar no Bar do Cruzeiro, em que Dona Roseli fritou com esmero a cavala e as lulas pescadas pelo marido, Seu Maneco, combinamos de tomar um café da manhã improvisado ali mesmo no dia seguinte, às 7h, para então encarar a Ponta da Cajaíba.

Fortalecidos por aipim cozido, banana e ovo caipira mexido, deixamos o Cruzeiro para trás sob o silêncio do amanhecer. Sabíamos que aquele mar de azeite não duraria muito tempo, já que a previsão apontava vento leste entrando a partir de 9h.

Foi só fazer a curva para entrarmos em um gigantesco liquidificador, com ondulações batendo no costão rochoso e voltando para cima de nós, conferindo altas doses de emoção à travessia. Surfamos até chegar nas águas abrigadas da Praia Grande da Cajaíba, onde estavam nossas primeiras metas: banho de cachoeira e pastel de lula do Rancho da Jandira. De lá seguimos, ainda chacoalhando, para o Pouso, onde havíamos marcado encontro às 16h com nossas mochilas, trazidas de lancha pelo Ronaldo.

A caminhada de pouco mais de uma hora até Martim de Sá é deslumbrante. Em meio a palmiteiros, samambaias e embaúbas, o caminho vai serpenteando um vale até chegar no portão da propriedade de Seu Maneco. Um cartaz dita as regras: proibido palavrão e bebida alcoólica. O primeiro pedido foi atendido. O segundo, negociado com Teresa, filha de Seu Maneco, que autorizou o vinhozinho para acompanhar os PFs sob céu estrelado. Afinal, tínhamos que liberar o peso da mochila para as trilhas por vir!

Aproveitamos o terceiro dia em Martim de Sá, com direito a passeio até o encontro do rio com o mar e também à Praia da Sumaca. Seguindo recomendação de Seu Maneco, fomos de barco com Cláudio (um de seus filhos) e voltamos de trilha, uma das mais bem sinalizadas da região, aliás. “Vocês vão me agradecer. Com o sol que está fazendo aquela roça de capim lá no alto vira uma coisa horrível. E os 300m de morro aqui perto são melhor descendo do que subindo”. MUITO OBRIGADO, SEU MANECO!

Para chegar à Ponta Negra no dia seguinte, dividimos a equipe em dois. Cappi e Pig foram por terra, numa trilha dura tanto fisicamente quanto em termos de navegação na base do Pico do Cairuçu (1070m). Nós quatro acionamos novamente o Cláudio para contornar o imponente paredão de pedra e chegar ao vilarejo, de onde partiríamos até a Praia do Sono no trecho mais lindo e divertido da expedição.

São quatro praias de águas cristalinas, areia branca e quase nenhuma onda. Brincamos dizendo que o esporte oficial do quarto dia era “boiar”. Trilhas curtas e fáceis, e por isso movimentadas, ligam Galhetas (com sua bela cachoeira), Antiguinhos, Antigos e Praia do Sono. O último trecho entre Antigos e Sono, porém, termina em um barranco desgastado pela erosão. Ao mesmo tempo em que proporciona vistas sem igual para a maior praia da região, com 1,3km de extensão, dominada no canto esquerdo pelo estuário do Rio do Sono, também exige de joelhos e equilíbrio, ainda mais com mochilas nas costas.

Imagino que, em temporada, o Sono seja impraticável. Estima-se em 10 mil o número de visitantes em datas como ano novo. Alvo recente de ordenamento turístico pelo Instituto Estadual do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, assim como Trindade e Martim de Sá, o Sono é um misto de comunidade tradicional com frisson turístico. Enquanto meninos jogam futebol no pôr do sol, barqueiros vendem passeios até as praias vizinhas. Ao lado de campings rústicos, moradores locais já constroem simpáticas pousadinhas. Como nós seis passamos dos 30 anos, achamos melhor ficar com a segunda opção, com direito a banho quente, ventilador e varal para roupas molhadas, depois de comer o melhor PF dos últimos quatro dias.

Pão com ovo (clássico do café da manhã em todas as comunidades), bolo de cenoura e pé na estrada. Partimos sem pressa para o último trecho. O sobe-desce entre Sono e Vila Oratório é usado por caiçaras e turistas diariamente e, por isso mesmo, extremamente bem cuidado (com escadas, corrimão e placas). Não chega a engarrafar, mas riacho no meio do caminho é concorrido. Da Vila Oratório, entrada do Condomínio Laranjeiras, ao Corupira o caminho é feito por dentro de uma fazenda. Com estradão de terra batida e cascalho perfeito para mountain bike (#ficadica).

Recuperamos os caiaques com direito a cerveja gelada trazida pelo Ronaldo. Novamente na água, contornamos as curvas do costão do Mamanguá parando vez ou outra para refrescar de mais um dia quente e atipicamente sem chuva na região. Ao avistar a igrejinha de Nossa Senhora da Conceição, a mais antiga da Paraty, iluminada pelos últimos raios de sol daquele 11 de janeiro, novamente lembrei de Amyr chegando com seu Paratii na Baía de Jurumirim.

“Um homem precisa viajar por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu”.

AMBIENTE PRESERVADO
Nossa expedição passou por três ambientes de conservação na área ao sul da cidade histórica de Paraty/RJ: a APA Cairuçu, a Área de Lazer de Paraty Mirim e a Reserva Ecológica da Juatinga.

A região exibe natureza intocada: Mata Atlântica e seus ecossistemas associados, como manguezal e restinga, além de praias e costões rochosos. O belíssimo Saco do Mamanguá, único fiorde tropical da costa brasileira, se estende por 8km até encontrar o mais bem preservado manguezal da Baía da Ilha Grande.

A Área de Lazer de Paraty Mirim, nosso ponto de partida, foi criada em 1976 e inclui as antigas fazendas Paraty Mirim e Independência.

Já a parte maior da expedição percorreu a Reserva Ecológica da Juatinga. A REJ foi estabelecida em 1992 e é administrada pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, o Inea. Englobando comunidades caiçaras, quilombolas e indígenas, a REJ ocupa uma área de cerca de oito mil hectares.

A Área de Proteção Ambiental Cairuçu, por sua vez, criada por decreto em 1983, é de responsabilidade do ICM-Bio (antigo IBAMA) e se estende por quase 34 mil hectares, englobando a REJ, Paraty Mirim, a APA Municipal da Baía de Paraty e ilhas da Reserva Ecológica dos Tamoyos, sobrepondo-se em alguns pontos com o Parque Nacional da Serra da Bocaina.

Desde 2010 a região vem sendo fruto de estudo de recategorização para se adequar ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação. A intenção é transformar a REJ em Parque Estadual, assim como as áreas mais preservadas da região de Paraty Mirim, respeitando os locais onde há presença de população e uso do solo.


TRECHOS PERCORRIDOS
Dia 1: Paraty Mirim – fundo do Mamanguá – Praia do Cruzeiro (caiaque)
Dia 2: Praia do Cruzeiro – Praia Grande da Cajaíba – Pouso da Cajaíba (caiaque) – Martim de Sá (trilha)
Dia 3: Martim de Sá – Sumaca (trilha)
Dia 4: Martim de Sá – Ponta Negra – Galhetas – Antigos – Antiguinhos – Sono (trilha)
Dia 5: Sono – Vila Oratório – Corupira (trilha) – Paraty Mirim (caiaque)

PREPARE SUA VIAGEM

Caiaque
Rio de Janeiro:
Ricardo Freitas (21 98107-3010 / 21 99991-4612)
São Paulo:
Vit Vanicek (11 99226-8296)
Paraty:
Rodrigo (24 99941-9178)

Guia da Região (Turismo Sustentável)
Jorge Elage: 24 99847-3078 / www.espiritolivre.net

Paraty
A cidade histórica a 268km de São Paulo e 245km do Rio de Janeiro é uma jóia colonial brasileira com seu casario e calçamento preservados e excelente infra-estrutura turística (pousadas, restaurantes e lojinhas charmosos). Na praia do Jabaquara ficam guarderias de caiaques, que podem ser alugados e transportados até o início da expedição em Paraty Mirim ou direto para o Pouso da Cajaíba, por exemplo. No cais turístico é possível combinar passeios e fretes em traineiras.

O trecho pelo mar entre Paraty e Paraty Mirim tem cerca de 15km e é todo abrigado, possibilitando deliciosa canoagem.

Paraty Mirim
Os 7km de estrada de terra a partir da Rio-Santos levam a uma pequena vila caiçara com estrutura razoável para o turista: estacionamento, energia elétrica, mercearia, restaurante, camping e barqueiros, que podem facilitar o transfer para diversos pontos da Reserva da Juatinga.

Casa: Pedro Ninô (casaparatymirim@gmail.com / 21 98108-5333)

Praia do Cruzeiro
A Praia do Cruzeiro é uma das comunidades mais desenvolvidas do Saco do Mamanguá. É dali que sai a trilha para o Pico do Pão de Açúcar (575m), que vale o passeio para contemplar uma visita inigualável da Serra do Mar.

Casa Caiçara: Sr. Preá (24 9841-3365 / 24 9955-9143, ambos para recado)
Camping: Sr. Orlando (24 99916-3532)
Restaurante do Cruzeiro: Dona Roseli (24 9961-9107 / 24 9832-4312)

Pouso da Cajaíba
O Pouso da Cajaíba fica lotado nos feriados e, justamente por isso, se desenvolveu bastante. Há bares, pousadas, campings ao longo da praia e no interior do vilarejo. De lá é fácil também alugar botes e traineiras para o deslocamento por mar na região. É do Pouso que parte a trilha de 1h30 para Martim de Sá.

Bar: Velho da Cajaíba (24 99983-0911)

Martim de Sá
A pequena extensão de areia da praia de Martim de Sá, com difícil acesso por água em dia de mar grande, é dominada pela família de Seu Maneco. O famoso camping tem infra adequada para montar barracas, banho e cozinha coletiva. Há também opções de PF feito pelas filhas de Seu Maneco, bem como itens de “emergência” para compra (pilha, macarrão, etc).
Teresa (filha Seu Maneco): 24 99999-7072 (oferece casa para aluguel)

Ponta Negra
No meio do ano, único meio de acesso até Ponta Negra é via terrestre a partir do Sono devido ao mar de ressaca. O bar Bikinha, ao centro da diminuta faixa de areia, oferece café da manhã, petiscos, refeições e suprimentos para o viajante.

Chalés: Cauê Villela (24 9906-9018)

Praia do Sono
Não faltam opções de hospedagem, alimentação, barco (além de energia elétrica!) na Praia do Sono. O acesso é feito pelo mar a partir de Trindade ou por trilha saindo da Vila Oratório/Condomínio Laranjeiras.

Pousada Lindalva e Ení: 24 99244-3941 / 24 99818-1541
Lindalva e Ení também têm restaurante bem no centro da praia, com um PF de lula inesquecível. Em frente ao restaurante (com opção de self service) fica o quiosque da Janete, com bolos, café da manhã e açaí.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Eu poderia morar em Brighton

Brighton é o tipo do lugar que faz vc querer sempre mais. Foi a cidade que acolheu meu irmão na Inglaterra e, por conta disso, acabo volta e meia pegando um Southern Train para passar alguns dias curtindo um friozinho à beira mar. E todas as vezes acho que poderia morar aqui.

Ao desembarcar na linda estação de Brighton, fomos direto para o Hobgoblin, pub freqüentado por jovens estudantes (ainda bem que estava vazio) e onde é servido o hambúrguer favorito do Caê.

E tem motivo para isso. The Troll’s Pantry começou como um trailler na rua e acabou se mudando de frigideira e cuia para o pub. Mas o princípio ficou o mesmo: ingredientes orgânicos, produzidos em Sussex por pequenos fazendeiros. Pão caseiro e hamburguer artesanal. O sabor faz jus ao cuidado. Sem falar na atenção ao ambiente: pouco desperdício - evitando servir saladas que ninguém come, batata frita em quantidade exagerada ou lixo demais. Aliás, as chips são um capítulo à parte, temperadas com sal marinho e ervas.


À noite fomos a outro programa bárbaro (que, espero, exista tb no Rio): a Pecha Kucha Brighton Night. São pequenas apresentações de cinco minutos cada, num formato desenvolvido por japoneses. Os PPT são meramente com imagens, comentadas pelo palestrante no gogó mesmo. Uma amiga do Caê foi quem organizou e o line-up incluía cabeças de todo tipo - um ativista do naked bike ride, uma pesquisadora sobre vida de sapo em Brighton, artistas, discussões sobre a simetria na natureza, na física e na vida e apresentação de fotos recolhidas em lixeiras e mercado de pulgas. Dinâmico e interessantíssimo!

Arrematamos a noite num pub, ouvindo boa música brasileira cantada pelo casal Mônica e Pedro, depois de mais uma boa surpresa de Brighton: o Pompoko, discreto restaurante japonês que serve domburi e yakisobas apenas. Autêntico, delicioso e barato!


Ainda bem que fico mais um dia em Birghton!

quarta-feira, 26 de março de 2014

Kaykaing London - mais um lado da mesma moeda


Por motivos pessoais ou profissionais, já perdi a conta de quantas vezes estive em Londres. Morei em Earls Court no ano 2000, quando a Millenium Bridge ainda estava sendo inaugurada sobre o Tâmisa. Aos 23 anos, nem posso dizer que foi uma experiência tão incrível assim. Mal sabia eu que meus irmãos e duas das minhas mais queridas amigas se mudariam para cá e me fariam demais querer estar aqui. Tudo bem que, hoje, Elisa mora no Norte, Caetano ao Sul, Barbara no Leste e Renata no Oeste, só pra me fazer passar horas a fio “commuting” no mega sistema de transporte londrino.

Em 2011-2012 vim várias vezes para Londres também, na preparação para e na cobertura dos Jogos Olímpicos e Jogos Paralímpicos.

Cada vez entendo mais a ebulição cosmopolita misturada ao estilo inglês de ver e criticar as coisas. E cada vez gosto mais disso tudo.

Dou sorte, e como, de sempre estar in town no período da maravilhosa exposição anual do National History Museum com as melhores fotos de natureza do mundo. A imperdível “WildlifePhotographer of the Year”. Esse ano não foi diferente.

Diferente mesmo, esse ano, foi o impensável passeio de cerca de 15km-20km de caiaque pelo Tâmisa, de Battersea Bridge até a Tower of London. Dá uma paz danada vc estar ali com seu barquinho diante de tantos monumentos históricos, do vaivém frenético de carros e double deckers sobre as pontes e ferrys com turistas de câmera na mão. Claro que devo ter saído em uma boa dezena de fotos de estranhos ontem!

Com um Google simples “kayak + London”, cheguei à página Kayaking London. Harry Whelan foi quem me respondeu. Experiente canoísta, ele é o atual detentor dos recordes de circunavegação das ilhas da Inglaterra e da Irlanda.

Hoje, Harry comanda uma bem organizada base fincada no pequenino jardim de Cremorne Gardens, próximo aos luxuosos bairros de Chelsea, Battersea e Fullham. São mais ou menos 40 caiaques, remos de primeira e equipamentos suficiente para fazer todo mundo curtir o passeio. Calças térmicas, fleece, casacos, luvas...

Diz o Mo, guia que me acompanhou, que quem rema no Tâmisa encara qualquer outro lugar. A corrente é forte (e, evidentemente, fomos smart o suficiente para estar sempre a favor dela), o vento também (mesmo com a corrente a favor, parecia que íamos contra em alguns momentos) e o trecho na parte central e turística de Londres é extremamente movimentado. Sem falar nas regras para passar sob os arcos das pontes.



Há diversos tipos de passeios oferecidos pela Kayaking London para diferentes tipos de habilidade e disposição: ida ao Big Ben e London Eye, remada noturna, Kayak & Pizza, corporativo etc. O meu foi individual, com o mais longo percurso oferecido. Em menos de três horas (com direito a pit stop para comprar itens de primeira necessidade numa ruazinha perto de Tower Bridge), descobri uma nova maneira de enxergar uma velha conhecida.


E ainda tive fôlego para ir ao Emirates Stadium ver Arsenal x Swansea. Mas isso é papo pra outro post!