quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Subindo a serra fluminense: Corrêas e Mauá

Pedra do Açu, que inspira o nome da pousada.
No caminho para Mirantão.
Subi a serra por dois finais de semana seguidos para casamentos de amigos. Foi tão gostoso que quero dividir aqui um pouco das coisas bacanas que fiz (e ainda quero fazer) em Corrêas (Petrópolis, Itaipava, Araras...) e Mauá. Com esse friozinho...

Em Corrêas fiquei na deliciosa pousada Paraíso Açu. Acolhedora do primeiro ao último minuto. Fica a poucos metros do portão de entrada do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (super conveniente para quem, como eu, adora caminhadas e cachoeiras). Fica distante do burburinho, mas de carro dá pra curtir os restaurantes da região (incluindo o Locanda Della Mimosa...).


A Paraíso Açu é comandada por mãe e filha, que fazem a gente se sentir em casa tamanha a gentileza. Café da manhã de fazenda, lareira no quarto, carta de vinho farta... trutas fresquintas, que viram ceviche... limão galego do pé, que vira caipirinha... horta no quintal. Piscina de água natural, sauna... cachorros dóceis reforçando o tom caseiro.


Foi a Marina (filha) quem deu a dica da Serra Wine Week, que acontece agora em setembro. Infelizmente não poderei ir esse ano, mas vontade não falta. Em novembro, a Paraíso Açu organiza um festival espanhol (com paella e degustação de vinhos). Tô nessa!

Atenção, apenas, a quem chegar de noite: o restaurante da pousada fecha cedo, assim como tudo nas redondezas. Coma antes ou leve guloseimas pra curtir diante da lareira.

Tá procurando paz? Mauá te espera.
Em Mauá não fiquei em pousada, mas sim na casa de amigos no Vale das Flores. Não ia a Mauá há pelo menos 15 anos. Que barato está aquilo! Bem cuidado, organizado, protegido... Sem lixo nem construções favelizadas. Corri todos os dias na estrada que leva a Mirantão (gracinha de cidade, olha a casa da foto aí embaixo). Tomei banho de rio e de cachoeira (na Prata, com direito a linguicinha e queijo coalho no boteco da entrada, com gente simpática e ambiente agradável). Foi de uma paz sem tamanho.



Ficam, então, as dicas e inspiração para viagens nesse gostoso inverno tropical.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Moscou. Intensa.



Estive na babilônia russa da beleza e do caos pela primeira vez em 2009. Corri à beira do rio, visitei (e me perdi) as deslumbrantes estações de metrô, estive no fantástico Kremlin (com seu museu imperdível) e na linda Praça Vermelha. Jantei no Café Purshkin, aristocrático e delicioso (fui na degustação e provei o famoso estrogonofe). Tomei balão de taxista e perdi horas no impraticável trânsito da cidade.


Dessa vez não foi muito diferente: entre um compromisso de trabalho e outro, também fui à Praça Vermelha, tomei balão de taxista, andei de Lada e engarrafei em ruas de nome impronunciável. Dei minha corridinha (não no parque, mas na movimentada e poluída Leninski Prospekt). E fiz dois dos programas que faltaram quatro anos atrás. Uma visita ao Museu da Cosmonáutica e jantar no Varvary, de Anatoly Komm. Foi uma passagem relâmpago, mas intensa. Afinal, é preciso saber aproveitar as oportunidades sempre, né?


Estava tendendo a reservar novamente uma mesa no Café Purshkin até que o Google me deu outra sugestão fazendo as devidas ressalvas. Se o chef é o único russo a receber uma estrela Michelin, ele cobra preços para czares e milionários donos de times de futebol ingleses.

O restaurante não está à vista na rua, mas a vizinhança salpicada por vitrines de Prada, Versacce, Armani dá a pista do público do local. Varvary está em uma pequena porta atrás de um bar. O responsável pelo estacionamento entendeu o meu russo fluente e apontou para a cobertura do prédio.

No elevador, três quadros mostravam um pouco mais de Komm: autor do melhor prato com trufas em 2008, ícone da alta gastronomia russa em 2008, ambos conferidos por instituições italianas, e a placa atestando que, em 2011, Varvary foi eleito um dos 50 melhores restaurantes do mundo.

O ambiente elegante não é assustador. O terraço com uma vista para os telhados e cúpulas de Moscou com céu ainda claro mesmo às 21:00 acolhe com conforto e simpatia. Enquanto tomava minha champagne rose, surge Yan, que se apresenta como assistente de Komm que, “infelizmente, não está hoje na casa para recebe-la, Manoela”.

Visual da minha mesa no Varvary.
Sozinha, não quis investir no bem avaliado menu degustação (12 pratos a 195 euros) sem ter com quem compartilhar as descobertas. Fiquei no “Menu Alta Cozinha Russa” com três pratos à escolha: morelles recheadas com porcini e espuma de trufas, borsht com foie gras, “Fish Golubtsy”, esse último indicação do garçom. Ainda pedi um souflê de sobremesa mas poderia perfeitamente ter ficado sem ele, pois não foi assiiiiim um grande final para a refeição espetacular (até pq não sou muito de doces).

Com a carta de vinhos a preços altos e sem muita opção de meia garrafa, aceitei a sugestão da louríssima sommeliére, salto alto e mini tubinho preto, e optei por taça de um chardonnay espanhol. Reconhecidamente por ela “não é grandes coisas, mas para acompanhar a comida está bom”. Estava mesmo.

Não tem essa coisa ocidental de pãozinho e couvert. Chegou à mesa, imponente, um prato de mini entradas surpresa. Todas tipicamente russas: pão preto com flor de sal para molhar no óleo de girassol e na farinha de beterraba, canapé de geléia de beterraba, enrolado de arenque com salada e molho rosa de beterraba, caldo de alcachofra.

Entrada. Arte!
Sim, os russos amam beterraba. E ainda bem que eu também.

A borsht que provei a seguir já é um dos melhores pratos da minha vida. Com “sorvete” de creme azedo, derretido pela sopa quente, e pedaços de foie gras. Sempre acompanhado por um cálice de vodka, como manda a tradição. “Foi por esse prato que entramos entre os 50 melhores do mundo”, contou depois o garçom.  Se um dia eu voltasse ali, seria para comer isso e nada mais.

Borsht muito bem acompanhada.

O prato principal estava bom, mas não arrebatador. Uma espécie de “moqueca” local, com bacalhau fresco enrolado por repolhos e salpicado por uma “neve de creme fresco” (foto à esquerda. A outra é da morilles com funghi e trufas).


Para mim, viajar para um país é se entregar à cultura, à arte e hábitos locais. Por isso sempre corro pelas ruas das cidades que visito e busco experiências gastronômicas. Podem ser baratas ou caras, não é esse o ponto. Depois do que vivi no Varvary, sei que conheci um pouco mais da histórica Rússia. Com toques bem modernos e sofisticados.

Ah, e o Museu da Cosmonáutica? Interessantíssimo. Mas se tivesse mais explicações em inglês talvez eu tivesse gostado ainda mais. Tinha horas que não dava nem pra identificar o nome do Iuri Gagarin.


Para fotos (não gastronômicas), mas maravilhosas de Moscou, link para o álbum da viagem de 2009, com direito a visita ao formidável Kremlin.

Comer: Café Purshkin (Ul. Tverskoy Boulevard, 26A / + 7 495 739 00 33). Varvary by Anatoly Komm (Strastnoy, 8A / + 7 495 229 28 00)
Ver: Museu da Cosmonáutica, Kremlin, Praça Vermelha, Estações de Metrô... Moscou vale a visita.