domingo, 27 de março de 2011

Veja Rio: "Atletas da Madrugada"

Graças a Deus não preciso mais estar na água às 4:30 pra remar como em 1997. Hoje sou dona do meu barquinho (o vermelho lindão aí da foto) e, tirando a vez ou outra que sou escalada pra alguma regata, tenho liberdade de treinar na hora que eu bem entender.

Mas os 14 anos de despertador ligado e calo na mão foram pauta da Veja Rio essa semana. O ursinho é licença poética do fotógrafo Fernando Frazão. Adorei : )


Para quem quiser lera  matéria é só clicar aqui. E não aceito comentários sobre a camisa do Botafogo.

sexta-feira, 25 de março de 2011

A Travessia do Araguaia

Me sinto uma traidora da causa. Remo é remo, canoagem é canoagem. E eu sou remadora, não canoísta. Ou era até conhecer a Diana e a Canuí, uma turma de Brasília que curte todas dentro de um caiaque. Antes mesmo de comprar meu Skiff depois de 14 anos de Lagoa Rodrigo de Freitas eu confesso que comprei um remo de caiaque. Quase procurei um analista.

Minha "conversão" para a canoagem (digamos que agora sou "bicombustível") foi ano passado. Coisa que nem meu amigo Sebastian Cuattrin, com quem já dividi um K2, conseguiu.


Mas não duvidem do poder de persuasão desses brasilienses. Em julho do ano passado, lá estava eu, remo em punho e caiaque no reboque, para experimentar a Travessia do Araguaia. Amigos, depois dessa, me converti de vez.

A Travessia do Araguaia é a mais antiga Maratona de Canoagem do Brasil. Existe há quase 20 anos, acho. Reúne, em um final de semana (normalmente o da lua cheia de julho), coisa de 150 canoístas do Brasil todo para dois dias de descida de rio. Em tese, você pode participar com qualquer coisa que flutue e se mova com um remo. Funciona assim: vc chega de madrugada, depois de um perrengue daqueles na estrada de Brasília ou Goiânia (os destinos mais "próximos") até Aruanã. De lá pega uma balsa (chamado de batelão) até o acampamento uns 7km rio acima. De noite, pé na areia e tralhas nas costas, vc procura um lugar para montar seu acampamento. E só vai ver o lugar lindo que está no dia seguinte, quando o sol nasce no horizonte.


Os ranchos goianos são uma tradição da região. Por toda a extensão do Rio Araguaia vc vê casinhas de palha e gente fazendo festa em volta.


A largada acontece sábado no meio da manhã. Os atletas vão de "voadeira" uns 35km adiante, onde rola um café da manhã oferecido pela organização numa casa no meio de lugar nenhum perto de uma ponte que liga dois pontos quaisquer do mapa.

Na voadeira.
Pão e banana.
Mas o mais legal é o clima. A galera trocando experiência, arrumando os barcos... Não vou entrar no mérito que meu parceiro de prova, Guilherme Pahl (o de verde na foto aí em cima), simplesmente esqueceu o leme do barco no acampamento e fez a travessia um pouco mais dolorida e emocionante.

A largada... ah, a largada. Esquece aquele negócio de muvuca, cotoveladas e outras formalidades. O Cafu, pai da prova, organiza uma grande roda, todo mundo cantando e quando dá na veneta ele buzina. Todo mundo sai correndo de onde tiver e vai pro barco. Próxima parada só na chegada, 35km abaixo no acampamento de onde partimos pela manha.




Tem boto, arara, tartaruga. Tem uns playboys de lancha e som alto estilo Angra dos Reis, é verdade, mas tem muita paz e beleza. Tudo bem, achei que fosse passear no coração do Brasil, um turismo privilegiado. Mas meu parceiro, que consegue ser mais competitivo que eu, não deixou sequer eu respirar (meu braço ficou ardendo uns três dias...). Pegamos umas "esteiras" legais, ultrapassamos uma galerinha, fizemos (o Gui fez) uma leitura de rio sagaz que nos deu umas posições e... acabamos em segundo lugar nas duplas mistas!




Dizem que o melhor da festa no Araguaia é de noite: fogueira, forró com os "locais" e vinho com os amigos. Sou um pouco devagar para "baladas", por mais "roots" que elas sejam. Mas curti um astral muito bom mesmo. Meu braço até parou de arder.


Diana, a culpada por tudo isso.
No ano passado, especificamente, a classificação geral foi considerando só o trecho longo de 35km. Normalmente, soma-se o resultado de um dia com a prova de despedida no domingo, um tirinho de 7km até Aruanã. Por conta da maré, ficamos um pouco mais perto (5km) e para facilita as coisas, acabou sendo uma descida festiva apenas. Até colocamos o leme no barco, só pra constar.

Largada do segundo dia.
É um baita trampo: muita estrada, muita "função", muito perrengue. Mas é também uma das experiências mais lindas que já vivi. Muito alto astral, muito saudável, muito feliz. Mesmo que vc tenha que arrumar e desarrumar o trailer de barcos seis vezes em 72 horas (a carreta quebrou na volta, só pra sacanear...), vale a pena. 


Estão todos convidados para esse ano. Não precisa ser fera na canoagem (eu sou faixa branca), basta querer curtir. Vai ser no último final de semana de julho. Eu aviso.

E para quem quiser ler um relato mais jornalístico da Travessia do Araguaia 2010 clica aqui para baixar a reportagem que fiz para a falecida revista LANCE! A+ contando tudo e muito mais da prova.

Remar: Travessia do Araguaia, em Aruanã. Todo ano na lua cheia de julho. Tem diversas categorias de barco (turismo, K1, duplo oceânico, turismo, escola...). Esse ano deve rolar Stand Up Paddle tb. Quem quiser encarar de skiff tb pode. Não tem site oficial, mas fiquem ligados no site da CBC e no da Federação Goiana. Imperdível para quem é da água como eu.



quinta-feira, 24 de março de 2011

Lapinha-Tabuleiro: Sávia, Dona Ana e Dona Maria

Esse negócio de viajar cansa mais do que vcs pensam. Mas não tem como negar que meu trabalho me leva a lugares incríveis. Em 2009 conheci um desses paraísos perdidos graças ao Ecomotion, a mais importante prova de corrida de aventura do mundo que a Media Guide divulga desde 2006  (e que terá a próxima edição de 7 a 17 de abril, na Bahia). Passei uma semana entre a Serra do Espinhaço e Serra do Cipó, em Minas. E logo a primeira noite chegamos à Lapinha, um pontinho no meio dos morros da Serra do Cipó. Mais ou menos como Visconde de Mauá deveria ser uns 30 anos atrás. No dia seguinte contornamos a morranca, chegamos no Tabuleiro e ficamos em êxtase diante de sua queda d’agua impressionante. Fiquei sabendo que existia uma travessia a pé entre os dois vilarejos. Garanto a vcs que não quero nunca mais saber de boa parte dos lugares que visito na correria do trabalho. Mas ali mesmo tive a certeza de que retornaria para encarar os 30km de caminhada.

Lapinha, Ecomotion/Pro 2009

Por uma dessas coincidências da vida, o Pedro tinha uma viagem de trabalho para BH bem na véspera do feriado de 15 de novembro no ano passado. Precisa dizer mais?

Liguei pra Sávia, a dona da Pousada Travessia, uma casinha linda na Lapinha. (Na verdade a preparação foi um pouco mais trabalhosa do que só ligar pra Sávia, tentei antes uma agência que insistia em me colocar num camping meia boca e vender um pacote nada a ver com a viagem que eu queria). Sávia estava a postos para nos receber e, de quebra, ainda indicou o Reginaldo, um guia da região para nos orientar na trilha.

Ir para a Serra do Cipó exige disposição. É perto mas é longe de BH. Deu pra entender? Em termos de distância nem é do outro lado do mundo mas estrada de terra, curvas, serra, trânsito... Aí quando vc chega na Lapinha destruido e encontra um caldo de ervilha caseiro esperando em cima do fogão à lenha... sentiu a emoção e a beleza do momento?


Acordamos cedo no sábado pra começar a caminhada. E Sávia também levantou cedinho pra coordenar um super café da manhã, com pão caseiro e tudo o que vc imaginar de delicioso de cafés da manhã na roça mineira.



Encontramos com Reginaldo, o filho dele Pedro, e os cavalinhos Registro e... sei lá, esqueci o nome do outro. A meta era encarar a parte mais dura da trilha pela Serra do Breu indo até a casa de Dona Ana Benta, local do primeiro pernoite. Muita pedra, muita subida... trilha bem mal marcada (sem conhecer bem a região, sem um bom mapa ou sem saber se orientar com bússola e GPS é roubada encarar sem guia o rolé). O tempo lindo no começo foi fechando, fechando, até que ficou tudo cinza e começou a cair água no céu, o que nos fez cancelar a subida ao Pico do Breu, ponto culminante daquelas bandas, que "atacaríamos" depois de deixar as coisas na Dona Ana Benta.


Chegando na casa de Dona Ana Benta.
Dona Ana Benta é personagem folclórica da região. Mora sozinha num casebre no meio do nada. Tem dois quartos sempre prontos para receber os andarilhos, além de um quintalzão que é porto seguro para acampar. No fogão à lenha tem feijão, aipim, arroz... cada coisa gostosa que só. Agora tempera isso com a fome de quem estava caminhando sem parar numa montanha!



Quer um detalhe bem Brasil? Estava rolando Atlético x Flamengo e Cruzeiro x Corinthians. A rádio local transmitia cinco minutos de um, cinco de outro. Baita samba do crioulo doido. Mas o que importa é que o Mengão entrou pelo cano...

No outro dia, bem intencionados, acordamos cedo para chegar à casa da Dona Maria e do Seu Zé a tempo de deixar as tralhas, recarregar as baterias e fazer um bate volta na cachoeira do Tabuleiro pela parte de cima. Uma trilha forte, cheia de pedras e um bom desnível. Mas a chuva, novamente, tornava o programa ainda mais complicado. Uma pena que não conseguimos ter toda a incrível visão da região. Mas a vegetação do cerrado (super florida da primavera) e o clima "misterioso" proporcionado pelas nuvens valeram o ingresso.




Mais do que nunca, com a neblina, é importante conhecer a área e/ou saber se orientar com mapa. Se não babau. A trilha simplesmente desaparece. Aliás, que trilha? Reginaldo tinha a manha e levou a gente direto pra casinha quente da Dona Maria, com seu Zé pilotando o fogão de onde saiu a melhor farofa com ovos caipiras de todos os tempos.

Farofinha de ovo antes da caminhada friorenta

Eu assumidamente sou uma pangaré ladeira abaixo. Mas pra subir... seguuura! Demorei séculos pra me entender com os pedregulhos no caminho até o Tabuleiro. Fiquei tensa. Pedi a mão do Pedro. Pra piorar, ainda rolava uma bolha daquelas no calcanhar. Reginaldo achava que eu ia pipocar a qualquer momento daquela tenebrosa descida. Mas sobrevivi para ver a deslumbrante queda d'agua do Tabuleiro com seus 273m. A chuva, por um lado, impediu o canionismo até o poço logo antes da quedona. Mas, por outro, proporcionou um espetáculo inesquecível, com uma pressão de água de assustar.


Quase matei o Reginaldo no rolé de volta. Afinal, na subida eu me garanto! Estava com frio, com fome e, competitiva, queria chegar na frente de uns marmanjos que encontramos por lá (para tomar banho antes, já que eles estavam acampados na Dona Maria tb). Regi diz que batemos o recorde... não sei. Cansei. E a recompensa era o arrozcomfeijão do Seu Zé. Sim... esse é o segredo. Quem cozinha é o Seu Zé, mas quem leva a fama é a Dona Maria!

Outra dica: em temporadas com muito movimento, vale se organizar e reservar o pernoite tanto na Dona Ana, quanto na Dona Maria. Só há dois ou três quartos em cada casa. Ou seja, se não reservar, vai ter que acampar. E, convenhamos, acampar com chuva... carregar barraca na trilha... bem, não tenho idade pra isso! : )


Seu Zé e Dona Maria
Dormimos que nem anjos e saímos cedo na segunda para fechar a caminhada até o Tabuleiro. É um trecho também cheio de pedras mas nem chega a ser tão técnico. Pra variar, a trilha é "discreta". Se vacilar acaba em outro lugar... Fomos fazer o "Tabuleiro por baixo". Só que com o volume da água, o Parque Estadual impede os visitantes de se aproximarem do poço temendo tromba d'agua e outros perigos.

Praça de Tabuleiro: equipe completa!
Chegamos ao Tabuleiro já sonhando com o almoço no Rupestre, o restaurante que conheci quando estive no Ecomotion. Pena que o Gil (o dono) esteja planejando em comprar um trailer e sair por aí com a Solange e o filho... Tudo bem, comprei uma cachacinha de ervas. Estão convidados a vir aqui em casa experimentar o gostinho do Tabuleiro!

Comer: Sopinha de ervilha da Sávia na Pousada Travessia, na Lapinha. Arroz com feijão, aipim e linguiça da Dona Ana Benta. Saldinha, farofa de ovo caipira, arroz com feijão do Seu Zé. E o banquete do Restaurante Rupestre: costela, carne de panela, pastel de forno... Levar café da manhã e "lariquinhas" para a trilha. Tirando a pousada Travessia, as duas outras não oferecem café, apenas almoço/jantar (uma refeição).

Beber: Vinho francês na Lapinha. Vinho grego comemorativo da Maratona de Atenas na casa da Dona Ana Benta. Água pelo caminho. Chazinho com capim do quintal do seu Zé. E aquela cerveja gelaaaaada no Rupestre. Com cachacinha local...

Correr: Travessia técnica e exigente de cerca de 30km. Trilhas mal marcadas (fui educada). Cerca de 10km caminhados por dia, com muitas pedras, subidas e descidas. Dois pernoites "clássicos" nas casas de Ana Benta e Dona Maria. Se quiser dormir na cama, tem que reservar. Se não, basta levar a barraca e armar no quintal. Custa R$ 25 a cama e R$ 15 o espaço no jardim com comida. Melhor pegar um guia se não conhecer a região ou se não souber se virar com mapas e bússolas. Reginaldo, nascido na região: 31 8431-9136. Custa R$ 100/dia em grupos de até seis pessoas. Leve mochila pequena.


Vou voltar com sol. Quem se habilita a acompanhar?

quinta-feira, 17 de março de 2011

Floripa: o inferno e o paraíso






Nesse final de semana vou para Florianópolis participar pela segunda vez do MultisportBrasil, uma prova de corrida, canoagem e bike. A foto que ilustra o fundo de dela desse blogue foi tirada lá ano passado, na costeira a caminho da Lagoinha do Leste. Olhaí que visu!




Assim como em 2009, vou só fazer o trecho de corrida. Só é modo de dizer. A corridinha tem quase 30km em quatro etapas: 11km subindo e descendo uns morros tenebrosos entre a Praia da Armação e o Pântano do Sul, passando por Matadeiros e Lagoinha do Leste - para muitos a praia mais bonita de Floripa (e só se chega por trilha). Depois são 8,5km nas dunas da Praia da Joaquina até a Lagoa da Conceição, emendando com outros 7km em outro morrão até Ratones para fechar o sofrimento com 4km até Jurerê. Cruel, muito cruel. O fato de não ser seguido e sim quatro estágios eu acho até pior, pq depois que vc esfria retomar a batida é muito mais sacrificante.

Foi um tapa na cara ano passado. Um inferno. Larguei toda animadinha, acostumada com minhas performances honrosas nas corridas aqui e acolá. Mal deu 10min de prova e eu já estava em penúltimo lugar. Quase sentei pra chorar. Não consegui correr bem no plano (areia), não consegui ir bem na primeira subidona, não rendi na descida (odeio descer, gosto de subir)... quanto tinha coisa de 1h30 de prova vi no "retrovisor" o Alexandre Manzan, líder da categoria profissional, que tinha largado uma hora depois de mim e já me atropelava. "Já, Manza?", foi tudo o que eu consgui balbuciar.

Cheguei na transição quase chorando de tristeza e vergonha. Meu parceiro saiu pra pedalar e decidi que as coisas tinham que render melhor dali pra frente. Deu certo. Fiz o segundo ou terceiro melhor tempo entre as mulheres na corrida nas dunas (a minha praia, afinal), ultrapassei uma galera (incluindo uma "tchutchuquinha" de academia que estava me irritando por estar na minha frente) e quando cheguei na outra transição para o caiaque da Diana, a equipe nem me esperava. No outro morro tb fiz a segunda ou terceira melhor parcial feminina. Tudo na mais perfeita ordem.

Completei a prova feliz e certa de que esse ano seria diferente (depois eu conto...).



Floripa é assim, com altos e baixos. Montanhas e praias. Alegrias e tristezas. Engarrafamentos estilo Tietê com paisagem do Rio de Janeiro. Comidas boas e ruins. Inferno e paraíso.

Dessa vez a parte gastronômica não foi o ponto alto (com a ressalva do Restaurante da Deca, onde comemos no dia seguinte da prova um peixe formidável com vista divina, como vcs podem conferir aí).



De maneira geral acabou sendo mesmo comida de atleta antes, durante e depois. Arriscamos mal uns restaurantes na Lagoa da Conceição (acho que se chamava Barba Negra). Encaramos um hotdog no trailer perto da pousada em Rio Tavares. Comi muita batata cozida com gel de carboidrato durante a prova. Nada que emocione o paladar (bem, tudo é relativo... o gelzinho na hora do aperto tem seu valor!).


Mas não foi a única vez que fui a Floripa em 2010 e pude apagar a má impressão. O sofrimento foi parecido (pelo menos emocionalmente), mas as comidinhas... quanta diferença!

Fui correr o Sul-Americano de Remo Master dois meses depois do Multisport. Sei que vcs já estavam duvidando que eu remava pq eu só falei de corrida nos primeiros posts... É bem verdade que tento "parar de remar" desde 1997 mas até hoje não consegui. : )

Começou de zoeira com meu amigo Beto, com quem me inscrevi para correr o Double Skiff B (média de idade dos remadores entre 36 e 42 anos). Daí entrei no barco Four Skiff B do Corinthians... até que a coisa ficou séria quando meu amigo Anderson "Macarrão" Nocetti perguntou se eu não animava descer o Double Skiff A (média de 27 a 36 anos) com ele. Macarrão é só o cara que vai, em Londres 2012, completar sua quarta Olimpíada seguida como sculler do Brasil nos Jogos. Pressão? Imagina.

Diz o Pedro que "foi fácil, olha a diferença que vcs ganharam!". 



Mas só eu sei como sofri, como suei, como me concentrei. É o famoso se perder "foi ela, claro, essa cocoroca afundou o cara" e "se ganhar, o Macarrão é o cara mesmo, impossível perder com ele". Remamos meia hora antes da largada apenas. O Macarrão me dando mais dicas de técnica da remada do que eu jamais havia tido em 13 anos na Lagoa. Uma aula. Gentilmente adaptou sua remada à minha. Falou estratégia. "Fica tranquila, deixa os outros barcos acharem que vão ganhar no começo depois a gente atropela". Falou dos adversários: "Mas essa menina, hein... rema bem! Nossa, o Joãozinho veio? Ele é forte". E eu muda, tensa. Macarrão percebeu e mandou na lata rindo: "Sei como vc se sente. O Roni (um baixinho peso leve que fazia dupla com ele) também pensava assim. Se a gente perdesse a culpa era do baixinho". E foi dada a largada rumo ao paraíso.


Final feliz e lá fui eu curtir as outras delícias de Floripa com o Pedro. Um almoço delicioso no Mar Massas foi o lugar perfeito para carregar o corpo de carboidrato e a alma com a paisagem e o astral de lá (foto abaixo). Bruschetta, spaghetti com filé e funghi, uma tacinha de vinho argentino (só uma, pq teoricamente eu voltava pra raia com o Beto na sessão da tarde. Teoricamente, pois o vento cancelou a regata. Se eu tivesse ouvido o Macarrão dizer que o tempo ia mudar, teria tomado é a garrafa toda...). Depois soube que o Mar Massas é um dos lugares mais premiados de Santa Catarina. Sem dúvida um lugar que voltarei nesse final de semana - até pq é do lado do hotel. Outra boa é a pizzaria Nave Mãe, de pizza integral e joguinhos trava cuca nas mesas pra distrair.


Também tivemos mau momentos, como no famoso e super valorizado Casa do Chico, na Lagoa da Conceição. Comida meio carregação e o vinho... bem, foi culpa do Pedro que pediu o da casa. Sorte que no hotel nos esperava um Cabernet Sauvignon Marques de Casa Concha 2007, trazido especialmente para a ocasião.

Para encerrar em grande estilo e superar qualquer trauma, o programa de domingo foi um rolé até... o Pântano do Sul, para refazer a pé o trecho "macabro" que me assombrou no Multisport. Só que no sentido inverso, do Pântano do Sul até a Lagoinha do Leste. Não sofri tanto, não me maltratei tanto. E, além de ter feito ida e volta com um intervalo de uma hora e meia pra curtir a praia mais linda da ilha, ainda fomos premiados com uma indescritível sequencia de camarões no restaurante Mandala, na beira da praia do Pântano do Sul com seus barquinhos de pescadores. Garanto que é uma das melhores de Floripa. Vai por mim... ; )


Afe, eu escrevo demais! Sorry.

Correr: O percurso completo está aqui, com nível de dificuldade (o primeiro trecho não é 9k, não, hein...). O mapa está nesse link aqui. Não esqueça de levar muita hidratação e alimentação.

Remar: Na raia de Florianópolis. Dependendo das condições de vento pode ser na Baía Norte ou na Baía Sul, perto da Ponte Hercílio Luz. Atenção pois há trânsito de lanchas. Os clubes de remo têm boa estrutura de vestiários. Site da Federação Catarinense é esse.


Comer: Vou poupar vcs de descrever as comidas de prova para não tirar o apetite. Recomendo em Floripa o Mar Massas, o Restaurante da Deca, a Pizzaria Nave Mãe e o Mandala. Os restaurantes da Lagoa da Conceição, a meu ver, são meio forçação de barra...


Beber: Não caiam no conto do vinho da casa... Mas para a sequencia de camarão, uma Original gelada é o que há!

Não sei pq não pegou a configuração da minha fonte bonitinha dos posts anteriores. Perdão, leitores.









segunda-feira, 14 de março de 2011

Montanhas Cariocas: Paineiras, Vista Chinesa e Térèze

Certa vez um amigo de São Paulo olhou para fora do vidro do carro e suspirou: "Meu, vc já se deu conta de quantas montanhas tem no Rio. São uns privilegiados".

Não vou discutir a forma de ocupação, os muros, o desmatamento. Afinal, aqui eu trato de esporte e comida.

Realmente quem gosta de esportes de montanha tem no Maciço da Tijuca um verdadeiro playground. Não por acaso, a Mostra Internacional de Filmes de Montanha (que eu divulgo há pelo menos cinco, se não me engano) já está na décima edição. Tem morro pra quem gosta de escalar, pedalar, correr, andar de skate, saltar de asa delta... e até para quem gosta de snowboard. Nunca vou esquecer da Isabel Clark, nossa craque da neve, dizendo sonhar em deslizar pela encosta nevada do Corcovado.

Vou encarar, pela segunda vez, uma prova chamada Multisport Brasil, em Floripa, dia 19. Minha singela missão é correr 11km na montanha, mais 8,5km nas dunas da Joaquina, outros 7km de morro para finalizar com 5km na praia de Jurerê. Ou seja, precisei dar uma investida nesses dias nas ladeiras cariocas.

E nada melhor do que o Carnaval para poder treinar, comer e dormir. Fui para as Paineiras na quarta de cinzas. Meio burrice da minha parte, o Corcovado estava lotado de turista. Nada, porém, que atrapalhasse o treino de 10km, saindo da cancela, subindo, subindo, subindo até a outra portaria, e dando uma esticada em direção ao Alto da Boa Vista para depois voltar e encontrar o namorado lendo no mirante. E, claro, tomar aquela ducha gelada.


Correr nas montanhas cariocas é o treino mais lindo do mundo. Aliás, qualquer esporte ao ar livre no Rio é inspirador (já ouvi de uma remadora americana que remar na Lagoa olhando o Cristo dá força a qualquer um na hora do sofrimento máximo). Sente o visual na estradinha das Paineiras...


No sábado, depois de remar, resolvi dar uma esticada até a Mesa do Imperador. Dessa vez foram 12km, sendo 4km no plano, 4km subindo e outros 4km descendo. Belo treino. E um baita social: a tribo outdoor se encontra ali, mesmo sem querer. No caminho esbarrei em uns oito amigos, todos no mesmo astral. Ainda não me sinto na Suiça, mas a segurança por aquelas bandas está melhor e o pânico que eu tinha de ser assaltada agora é só um medinho transformado em atenção redobrada. Mas tem tanta gente subindo e descendo de bike, skate ou correndo que vc nunca está sozinha. E tem o policiamento do parque, os turistas.. enfim, um programa bacana. Mas nesse sábado acabei destruída de tão cansada.

Nessa "vibe" das montanhas não tive dúvidas: na sexta fui experimentar o Térèze, restaurante estrelado do antigo Hotel dos Descasados, ali em Santa Tereza (segundo nosso Governador, a "Montmartre carioca"). Quem assina é Damien Montecer, que já andou nas cozinhas de Gordon Ramsay, Allain Ducasse e Christophe Lidy.

O visual é incomparável. O pé direito alto, os janelões, os móveis de madeira maciça, a iluminação indireta. Tudo impecável. Mas Pedro e eu, pra variar, sofremos um pouco por sermos "jovens demais" praquele lugar. Achei o atendimento esquisito: os pães que foram oferecidos na chegada só apareceram na cestinha quando estávamos na metade da entrada; a água com gás estava queeente...; pedimos para falar com o sommelier mas ele jamais apareceu; mesas que estavam desocupadas há um tempo ainda não tinham sido limpas e arrumadas...

Mas a comida de Damien é divina. Me lembrou um pouco a Roberta Sudbrack, com toques brasileiros dentro de uma "lógica" francesa. Fui de caldo de feijão branco (com ovo de codorna poche, azeite de trufas e farofa de castanhas). Pedro escolheu a pupunha com queijo minas crocante, vinagrete de rapadura (sensacional!) e salada de agrião. Harmonizei com um rosé francês de 2002 (que esqueci o nome, mas achei um pouco ácido). Pedro experimentou pela primeira vez um Gewurztaminer (brasileiro! Angheben 2008).

No principal, o meu filé com seis pimentas, com tomate provençal com shimeji e pupunha grelhado estava nota 10 (talvez o prato um pouco grande demais para aquela hora da noite) e caiu bem com o Angheben (de novo o brazuca) Cabernet Sauvignon 2006, uma boa surpresa. Já Pedro se deu mal: o cordeiro estava cheio de nervos e difícil de mastigar. Era uma criação até interessante, meio oriental, com  legumes e guiozas. Salvou o Chianti Piccini 2007.

Enquanto comíamos o rocambole crumble de doce de leite com sorvete de pêssego (e um Château Ramon Montbazillac 2006), o staff já se preparava para fechar o salão, o que me incomodou um pouco. Simpático, nosso garçom (Sidnei) nos ofereceu de cortesia as taças de vinho de sobremesa, talvez para "reparar" o problema no prato do Pedro.

Humm... acho que agora estou entendendo pq a corridinha de sábado foi tão dura... Três taças de vinho, filé, feijão...

Correr: Paineiras: saindo da cancela do estacionamento do Cristo em direção ao Alto da Boa Vista, passando pela segunda cancela na bifurcação do Sumaré. Ida e volta 10km. Nível moderado forte. Duchas no caminho. Local para comprar bebida perto do Corcovado. Mesa do Imperador: saindo do remo do Botafogo pela Pacheco Leão e volta até o Clube dos Macacos. 12km. Nível forte. Sem local "oficial" para comprar bebida. Fluxo constante de carros.

Comer: Restaurante Térèze (Rua Almirante Alexandrino 660). Reserva recomendada.

Beber: Seleção de vinhos interessante no Térèze. Mas o destaque desse passeio pelas montanhas foi a garrafinha d'agua que ganhei de um amigo que passava quando estava quase "morrendo" na subida para a Vista Chinesa.

Boa semana a todos.



domingo, 13 de março de 2011

Primeira vez

Eu estava pra fazer esse blogue há tanto tempo, cheia de coisa pra contar. Aí hoje, com tudo pronto, puft. A cabeça esvaziou.

Então comecemos pelo começo. Por hoje. Depois vou tirando as coisas de ordem e revirando as anotações do último ano. Desde pequenina tenho mania de escrever. Muito. E recentemente fiquei com vontade de botar no cyber-papel minhas andanças pelo mundo. Correndo, remando, comendo e bebendo muito bem. Dito isso...

Essa manhã, pela primeira vez, fiz top 10 numa corrida. Uhuuu! Foi na abertura do Circuito das Estações da adidas.  Na véspera, confesso que pipoquei para correr 10k e cravei 5k na ficha de inscrição, cortesia dos amigos da O2. Aí quando acordei pensei comigo mesma: "raios, sair da cama 6h30 da matina pra correr menos de meia hora é uma vergonha". Resolvi acelerar pra compensar.

O dia estava sem sol, ótimo para correr, e ainda por cima levei meu pacer particular, o Pedro. Fomos bem fanfarrões, vestidos de Fla e Flu. Empate na pista, empate no campo no jogo de noite. Melhor pra relação do casal.


Por incrível que pareça, o percurso mesmo sendo no mega batido Aterro, acabou sendo diferente. Largou do Monumento dos Pracinhas e não da eterna praça do índio com nome impronunciável. Foi bom psicologicamente, viu? Agora... Tão dizendo que fiz 25min46 mas não é verdade. Passei os 5k com 25min23... acontece que o percurso tinha 5.08k. Os organizadores estão lascados agora que todo mundo tem Garmin no pulso!

Felizinha com a missão cumprida, ainda fomos brindados com um visual lindo da Praça Paris. Lugar pouco frequentado pelos cariocas devido à insegurança mas que, olhem só...



A volta para casa ainda teve direito a pit stop na feira livre da Glória. E o brócolis (R$ 4, que caro!) acabou na panela misturado com arroz... e os camarões ficaram cor de rosa no bafo. Aviso aos navegantes: tô começando a arriscar umas e outras na cozinha.


Correr: 5km, saindo do Monumento dos Pracinhas em direção à Praia de Botafogo. Retorno depois de 2,5km.
Comer: Entrada: massinha folheada com gorgonzola e queijo de cabra. Principal: Arroz bem refogadinho com brócolis americano e camarão de Paraty no bafo. Regado com azeite extra virgem Costa D'Oro.
Beber: Além de muito Powerade... Teve Sol, Heinecken e Stella Artois beeeem geladas.

Beijo, tchau.